Votação - provérbio do mês de FEVEREIRO
Avaliadas pelo juri, com base na originalidade e fundamentação apresentada, as 8 “novas” propostas que pretendem dar a volta ao texto a antigos provérbios, a votação, entre 1 e 7 de março de 2024 são:
# Provérbios a votação (por ordem cronológica de chegada):
“Faça-as quem as quiser, quem as paga é a minha mulher.”
A turma selecionou este provérbio, dado que se ajusta ao tema da desigualdade de género e sublinha a desconsideração pelo papel da mulher, além da sua discriminação, realçando a isenção de culpa do homem. Deste modo, é evidente a inferioridade e a subjugação do género feminino, bem como a violência que recai sobre a mulher pela autoridade masculina.
#“Faça-as quem as fizer, juntos para o que der e vier!”
“Enquanto há homens, não se confessam mulheres.”
Há muitos anos atrás, a prioridade era dada aos homens. Havia famílias que só serviam a refeição depois de a mesma ser servida ao patriarca. A prioridade deve ser dada em conformidade com a situação, num ambiente de cordialidade.
#Na hora da confissão, confessa- se a Maria e o João.
“A mulher e a Mula querem freio e mão segura.”
O provérbio escolhido apresenta uma conotação machista e coloca a Mulher numa posição de subordinação relativamente ao Homem. Esta ideia é agravada com a comparação desta a uma mula, uma comparação pejorativa, no sentido em que se trata de um animal associado à teimosia, obstinação, inflexibilidade ou à falta de cooperação. O uso de freio implica que a mulher, possuidora destas caraterísticas, seja alvo de controlo e a sua liberdade e autodeterminação esteja condicionada. A alteração propõe a necessidade de relações pautadas pelo respeito e pela liberdade, apelando ao fim da violência, ao reconhecimento, valorização e igualdade de tratamento.
#”A mulher e a Mula querem respeito e não tortura”
"Uma mulher sozinha faz muito, duas fazem pouco e três não fazem nada."
Consideramos que este provérbio não reflete a igualdade de género por duas razões: a primeira prende-se com o facto de se assumir que as mulheres não podem trabalhar juntas, não podem colaborar - ao juntarem-se três, ou mais, mulheres, elas só conversam e não fazem nada de útil, tudo o que fazem e pensam é fútil ; quanto à outra, passa a ideia antiquada que as mulheres não podiam ter amigas, vivendo isoladas, ou melhor, viviam só para a família, o marido e os filhos bastavam-lhes, a casa, o lar, era o seu mundo, todo o seu universo.
#"Não interessa o número de homens ou mulheres, interessa o que juntos podem fazer!"
“O homem é a trave da nossa casa.”
Consideramos que este provérbio é machista e não reflete a igualdade de género, por duas razões: - a “trave” remete para a ideia de “força”, importância”, por isso, como tal, passa a mensagem que o homem é a pessoa mais importante do lar, quem tem mais poder; - a segunda, tem a ver com o facto de que as traves sustentam e o homem, enquanto líder da casa, trabalhava (fora) e sustentava a família, o que está completamente desatualizado. Hoje em dia, homem e mulher trabalham e juntos sustentam a família, mas, mesmo que a mulher fique em casa, também trabalha e contribui para as finanças da família.
#”O homem é a trave, a mulher o pilar, unidos para a casa sustentar.”
“Casal feliz, marido surdo e mulher cega”
Este provérbio reflecte a ideia que o casamento é diferente quanto ao género. A mulher é vista como irritante e faladora por isso o homem deve ser surdo. O homem é associado como alguém indigno, desqualificado que leva à mulher a ter a necessidade de ser cega para não ver os defeitos do Homem. Este provérbio reflecte estereotipos de género
# “Casal feliz marido e mulher gentis”
“Um mau marido é sempre um bom pai, uma má esposa nunca é uma boa mãe!”
Se através dos provérbios se transmite cultura e se molda a maneira de pensar, este tipo de provérbio incentiva à desigualdade entre a mulher e o homem no desempenho do mesmo papel. Este tipo de provérbio retrata uma forma discriminatória de olhar para a mulher e até desculpa, de certa forma, a violência doméstica. A base para qualquer relacionamento saudável, seja familiar, social, profissional, deve incluir cuidado, afeição, reconhecimento, respeito, confiança e comprometimento e isso é válido para homens e mulheres. É necessário perceber que um mau marido não pode ser um bom pai, pois se há violência numa relação, esta vai deixar certamente marcas nos filhos. Por isso propomos a alteração do provérbio.
#“Ser bom pai ou boa mãe exige dedicação, antes de tudo, há que ser bom cidadão!”
“Homem de palha vale mais do que mulher de ouro.”
Este provérbio é claramente discriminatório, valorizando o homem em detrimento da mulher, independentemente da sua natureza. É comummente aceite que o ouro vale mais do que a palha, no entanto, as metáforas apresentadas neste provérbio invertem esta evidência, apenas e só porque se compara o homem com a mulher e dá-se como facto consumado de que um homem ainda que seja sem préstimo algum (“homem de palha”) é superior a uma mulher com capacidades meritórias e de alto valor (“mulher de ouro”). Numa sociedade que se deseja mais justa e mais equitativa entre os homens e as mulheres, este preconceito não faz qualquer sentido e deve ser banido. O valor das pessoas não reside no facto de ser homem ou mulher; o valor das pessoas reside nas ações praticadas, nas ideias defendidas e na nobreza de caráter. Sugerimos que a mensagem deste provérbio seja alterada, respeitando as diferenças entre os homens e as mulheres e reconhecendo o valor das capacidades humanas na construção de uma sociedade mais humanista e mais humanitária, para a qual os homens e as mulheres, em conjunto, devem dar contributos válidos.