Avaliadas pelo júri, com base na originalidade e fundamentação apresentada, as “novas” propostas que pretendem dar a volta ao texto a antigos provérbios, a votação, entre 1 e 5 de abril:
# Provérbios a votação (por ordem cronológica de chegada):
“Mulher que sabe obedecer, em casa reina a valer.” Este provérbio perpetua a prevalência do patriarcado na sociedade, onde os homens detêm todo o poder e controlo das coisas. É uma expressão que desrespeita o direito das mulheres do livre-arbítrio, da possibilidade de fazerem o que bem entendem e que as diminui enquanto pessoas, pois dita que as mulheres devem obedecer aos homens, logo, estariam abaixo deles. Para além disso, também reduz os espaços que as mulheres podem ocupar, perenizando a ideia de que a função das mesmas é estar em casa, confinadas. Assim, é um provérbio que deve ser eliminado, para que a crença na superioridade masculina seja desenraizada da nossa cultura. Os novos ditados populares devem aludir à igualdade de género, para que a vida decorra em harmonia.
# “Mulher e homem que se sabem respeitar, boa casa vão governar.”
“Homem de palha vale mais que mulher de ouro.” Este provérbio é um dos menos atualizados que conhecemos. Ele sugere que mulheres são inferiores aos homens, diminuindo significativamente as mulheres. Ninguém deveria ser inferiorizado por ser homem ao mulher, pois somos todos iguais.
# “Pouco vale a palha, muito vale o ouro, homem e mulher valem tanto como um tesouro.”
“A mulher e a mula querem freio e mão segura.” O provérbio abrange um conjunto muito vasto de ausência de direitos. O ser humano independentemente do género não deve ser sujeito a qualquer forma de repressão, violência ou escravatura. Tem direito à liberdade de acesso à informação, expressão e ação. Cada vez mais a cooperação, entreajuda e solidariedade são fundamentais numa sociedade que se pretende inclusiva, de respeito e aceitação da diferença. Este provérbio enfatiza também o desrespeito pelo bem-estar animal e equipara a mulher a um animal irracional.
# “O mundo não precisa de freio, nem de mão segura, mas sim de muita ternura!”
“A casa é das mulheres e a rua é dos homens” Este provérbio reflete um tempo em que a mulher estava confinada ao espaço da casa e às tarefas domésticas enquanto o homem passava o dia fora de casa, trabalhando para o sustento da família. Socialmente, não era muito bem visto o homem permanecer muito tempo em casa e muito menos a concretizar alguma tarefa doméstica, por mais comezinha que ela fosse.
Presentemente, em particular na geração mais jovem, a casa tanto é da mulher como do homem; partilham todo o tipo de tarefas, sejam elas domésticas ou familiares. Na sua maioria, ambos trabalham fora de casa e as relações sociais são bem aceites.
# “A casa é do casal e a rua é universal”
“Lugar da mulher é na cozinha!” Este provérbio, com raízes antigas, demonstra uma visão retrógrada e machista do papel da mulher e limita as suas capacidades a uma única função. Esta ideia está, ainda, enraizada na sociedade, e, durante muitos séculos, a vida doméstica era a principal, ou até a única, função da mulher. Esta visão estereotipada, injusta e profundamente errada tem sido atenuada, mas há ainda um percurso a fazer para mudar esta mentalidade. De facto, foi necessário um longo e penoso caminho para abrir as portas do mundo profissional à mulher. Conjugar a vida profissional com a vida familiar também representou um desafio para as mulheres que, ainda hoje, necessitam de comprovar que esta conciliação é possível e, mais do que isso, é um direito enquanto ser humano. Além disso, este provérbio também reduz as capacidades do homem, já que se subentende que o homem não tem competências a nível doméstico. Por isso, a perspetiva retrógrada deste provérbio é dirigida, neste caso, também ao sexo masculino. Neste sentido, a alteração realizada ao provérbio teve como preocupação a garantia de igualdade de género para ambos os sexos. Independentemente das capacidades ou características, qualquer ser humano pode realizar as tarefas que deseja e em qualquer área.
# "O homem que cozinha é um adulto funcional, não um ser especial!"
Conhece o vencedor do Provérbio do mês de março aqui!
